Monday 19 May 2014

45

Em jeito de repetição, decidi fazer um pequeno post de apanhado dos filmes que já vi até ao momento este ano.

A primeira constatação estatística: este ano estou com menos ritmo.
Com "apenas" quarenta e cinco quase a meio do ano é fácil perceber que não vou atingir a casa dos 150 como nos dois anos anteriores, e acho isso saudável. Significa que estou a reduzir nos filmes merdosos ou só de entretenimento (ainda que hajam dias em que uma película de história simples com tiros e explosões a montes seja o que preciso mais que tudo) e a dedicar mais tempo a coisas mais importantes (será?).

Assim sendo, fica aqui um pequeno top 10, por agora ainda indiscriminado entre filmes antigos e recentes, com pequenos comentários só para situar, omitindo apenas coisas que já tinha visto no passado (revi o Snatch este ano, genial como sempre foi e sempre será):

  1. 12 Years as A Slave - fã incondicional do McQueen
  2. The Wolf of Wall Street - Scorsese deixou-se de invenções e fez aquilo que sabe fazer melhor, já fazia falta
  3. Short Term 12 - sem dúvida alguma o melhor filme indie que vi em vários anos 
  4. The Broken Circle Breakdown - se o tivesse visto o ano passado estava certamente nos primeiros lugares do meu top anterior
  5. The Hobbit: The Desolation of Smaug - cut me some slack, é o meu livro favorito da saga dos Anéis 
  6. Dallas Buyers Club - duas interpretações esmagadoramente brilhantes
  7. Seven Samurai - finalmente!
  8. Punch-Drunk Love - PTA conseguiu surpreender-me mais uma vez pela positiva e conseguiu arrancar o papel da vida ao bezerro do Sandler, a quem não acho piada nenhuma mas neste filme conseguiu a proeza de me fazer rir nas situações mais estranhas
  9. Call Me Kuchu / Blood Brother - empate técnico. São ambos documentários brilhantes e actuais e dei pontuação de 7 a ambos no IMDB por isso não me consegui escolher só um.
  10. Blue is The Warmest Color - este provavelmente vai de saco mais lá para a frente, mas não deixa de ser um filme corajoso e com momentos belíssimos
Vai ser engraçado ver como esta lista vai mudar até ao final do ano.

Thursday 15 May 2014

MIX5319

Provavelmente o meu melhor (e mais longo) mix até à data. Hector's got that swag.

Wednesday 7 May 2014

Melhorias

No princípio deste ano escrevi sobre o meu objectivo principal aqui.
Tendo em conta que já vamos quase a meio do ano, e porque realmente começo a notar os efeitos práticos do tal “melhorar” de que falei no post, resolvi escrever algo em jeito de actualização.

O tempo nesta cidade passa muito depressa. Admito ser complicado não me deixar absorver pela rotina, ou conseguir encontrar o equilíbrio necessário entre um trabalho full-time, outro casual (onde cada vez menos meto os pés) e um projecto que encaro como o meu trabalho principal. Mas a verdade é que consegui até agora fazer algumas mudanças no meu chamado “estilo de vida”, algumas ligeiras, outras mais drásticas, que me fazem sentir muito melhor enquanto ser humano. Seguem abaixo:

Minimalismo nas minhas posses: Viajar ensinou-me muitas coisas. Uma delas foi a minimizar. Quando passas quase 6 meses com nem 10% da roupa que tinhas no armário, e percebes o valor superficial que tantos outros objectos têm no teu dia-a-dia, aprendes a criar prioridades. 
Desde que voltei não comprei mais roupa nem objectos excepto os necessários para pedalar ou trabalhar, ou mais recentemente para tornar confortável a estadia no meu quarto novo. Vou tentar não comprar sequer uma t-shirt nova este ano (o que é difícil, porque continuo a querer aumentar a minha colecção de t-shirts de bandas, mas já me forcei a mim próprio a não comprar, mesmo no momento do “checkout” no carrinho de compras online).
Ter poucas opções é óptimo: obriga-me a lavar roupa todas as semanas em vez de a deixar amontoar no cesto, obriga-me a ser criativo com a mistura de cores/padrões, e permite-me acima de tudo sentir-me confortável na minha própria pele. Não preciso de roupa nova para me sentir confiante, não preciso do conhecimento sobre novas tendências e marcas a ocupar-me espaço no cérebro que pode ser utilizado para coisas importantes.
Nota: nesta medida não estão incluídos discos. Mas sempre comprei muito poucos de qualquer forma.

“O Ema já não bebe”: Não é bem assim, mas não anda muito longe da verdade. Inicialmente cortei por completo com as bebidas alcóolicas, gradualmente encontrei um equilíbrio pessoal que me permite estar bem comigo mesmo. Só bebo algo do qual gosto do sabor, não apanho bebedeiras, e não deixo de dar um gole numa cerveja ou cocktail alheio apenas para matar a sede. Isto significa que quando saio com amigos por norma não gasto nada em álcool, e mesmo quando o faço é apenas uma ou duas cidras (porque aquilo é tipo refrigerante de fruta com álcool).
Esta medida foi tomada por dois simples motivos: valorizo o meu tempo útil, sendo que este não existia quando perdia um dia inteiro em ressaca de uma noite de copos; valorizo o meu dinheiro, visto que não tenho muito, e o álcool - especialmente em espaços de divertimento nocturno nesta cidade – é caro. Assim sendo poupo na saúde e na carteira, e, mesmo que chegue a casa tarde, no dia seguinte estou a pé a horas decentes e com vontade de fazer coisas.

#LESSMEATSTILLHAPPY: Cortei o meu consumo de carne/peixe em cerca de 50%. Atribuo esta mudança ao tempo passado na Índia, onde o por vezes difícil acesso a pratos não-vegetarianos e a qualidade dos mesmos começou a reconfigurar a forma como vejo a minha nutrição. Algumas das coisas mais saborosas que lá comi eram vegetarianas. 
Nos dias que correm, como refeições vegetarianas quase todos os dias, pelo menos uma vegan por semana, e sinto-me mais equilibrado e saudável. 
Esta mudança obriga-me a variar mais nos vegetais e fruta, nos substitutos eficazes da proteína (como nozes e sementes todos os dias), nos temperos e nas formas de confeccionar, para não me aborrecer com os sabores. Isto devolveu-me um pouco do entusiasmo que sempre tive pela cozinha mas que no passado vinha a esmorecer. Se continuo a amar carne e peixe, a sentir a sua falta, e a retirar imenso prazer do sabor destes produtos? Sim. Mas não sinto a necessidade de os ter presentes em todos os pratos.
Nota: também reduzi na quantidade de pão, leite (metade do leite que compro é de soja) e gordura em geral (uso margarina em vez de manteiga, nenhum outro óleo além de azeite, como muita pouca carne gorda). E não bebo café, mas isso ja foi algo que decidi o ano passado.

Bicicleta como meio de transporte: pedalo em 99% das minhas deslocações em Londres. Já falei disto antes aqui, por isso não me vou alongar. Pedalo para o trabalho, para ir às compras, para sair com amigos...envolve uma logística diferente, obriga-me a planear melhor os meus dias, mas dá-me muito prazer. E ao mesmo tempo mantém-me em forma, dá-me adrenalina para começar o dia (ou a noite) e permite-me na maior parte das vezes chegar a horas, coisa que nunca foi o meu forte.

Actividade física: comecei por correr. Depois como comecei a pedalar reduzi na corrida, e comecei a fazer umas coisas em casa, para ganhar forma. Desde a semana passada comecei com o ginásio. O objectivo é apenas ganhar 5kg de massa muscular, nada mais. Não quero ficar nenhum “armário”, não quero impressionar miúdas, quero apenas atingir uma meta que irá melhorar a minha condição física e colocar o meu índice de massa corporal num valor mais confortável e que me dará assumidamente mais gosto de ver no espelho. O ginásio permite-me voltar à corrida - ainda que na passadeira (é chato mas é o que a disponibilidade permite) - e trabalho todas as partes do corpo.

Honestidade brutal: nunca fui pessoa de muitas papas na língua (e falo pelos cotovelos), pelo menos com as pessoas com quem tenho confiança e à vontade para falar abertamente, mas decidi que iria usar menos filtros, ou “paninhos quentes” no meu discurso. Esta mudança já me trouxe vários problemas, tanto pessoais como profissionais, o que me levou a concluir o óbvio: no geral, as pessoas não querem saber o que realmente pensas. A tua opinião, mesmo quando pedida, ou quando exprimida voluntariamente num gesto de boa fé e de positivismo, é na maior parte dos casos indesejada e mesmo irrelevante. Porque o que toda a gente quer é que lhes digam que têm razão. Se me vou calar por isso? Depende, mas na maioria dos casos não.

Aprender uma nova língua: Comecei a aprender Alemão através do método Pimsleur. Confesso que descurei nos últimos dois meses, porque estava a fazer as lições de áudio no caminho para o trabalho que agora ficou reduzido a uns escassos 9 minutos, mas tenciono retomar já esta semana. E mesmo com o pouco que já aprendi já consigo expressar uma ideia muito básica ou uma pergunta mais essencial, o que é um avanço tremendo para quem já esteve três vezes na Alemanha e nem um copo de água sabia pedir.

Tirar mais partido da oferta cultural da cidade: um dos principais motivos pelos quais me mudei para Londres foi a quantidade de concertos e oferta cultural que todos os dias acontecem. Quando em viagem me perguntavam como era viver aqui eu dizia: “Se Nova Iorque é a cidade que nunca dorme, Londres é a cidade que nunca aborrece”. Mas a verdade é que nunca senti que estava a aproveitar tudo isto ao máximo. Várias condicionantes, e várias desculpas que dava a mim próprio.
Isso tem vindo a mudar. Enquanto escrevo este post adiciono dois concertos à minha agenda para esta semana. No fim-de-semana visitei dois espaços culturais, estando a pensar tornar-me membro de um, porque gosto bastante do espaço em si e quero forçar-me a sair da minha zona de conforto cultural. 
Já houveram dias em que fui a dois concertos num dia, já houveram dias em que visitei um museu sozinho, e aliás, tenho ido a vários concertos sozinho, ignorando o constrangimento e admitindo que mesmo que a experiência seja menos social, se vou pela música essa está lá sempre para mim, e por vezes até tive uma experiência mais envolvente por não ter ninguém a “distrair-me”.

Mas o maior e vergonhosamente admitido melhoramento é o que está para começar…

Reduzir o tempo perdido nas redes sociais: vou cortar radicalmente o meu acesso pessoal às redes sociais, particularmente o Facebook. 
A primeira coisa que faço todos os dias é ligar-me à net, e ver o Facebook. Posso até estar atrasado para algo, com fome, ainda nem com luz no quarto, mas já estou a passar o dedo nas notificações. É ridículo, ocupa-me imenso tempo diariamente, e acima de tudo é um obstáculo para realizar outros projectos. 

Assim sendo, vou reduzir o meu acesso às redes sociais a cerca de 2 ou 3 horas por semana. Mas mesmo do cronometrar e apontar os tempos diários. 
Vai ser o maior desafio pessoal, por mais vergonhoso que seja admitir isto, mas tendo em conta que este comportamento foi aprendido então sei que posso desaprendê-lo. Vou começar por desactivar a minha conta de Instagram, que já por si era apenas mais uma experiência do que outra coisa, e já comecei a reduzir ainda mais as pessoas que aparecem no meu feed do Facebook, de forma a que mesmo quando aceder a ele os conteúdos sejam de interesse e a navegação seja eficaz e não a perda de tempo que tem sido até agora. 
A isto ajuda também não ter mudado de telemóvel nos últimos quatro anos, o meu smartphone foi a minha melhor aquisição em preço-qualidade, mas não é “esperto” o suficiente para ter as aplicações que toda a gente usa.

Esta mudança vai invariavelmente conduzir-me a outras, como por exemplo:
Ler mais. Escrever mais. Prestar mais atenção à música que oiço. Dedicar mais tempo à Juicy. Comunicar mais cara-à-cara ou pelo menos com mais “conteúdo” com os amigos e pessoas que importam na minha vida. Com sorte até dormir mais!


E ok, por agora é tudo. Escrevi este post em parte para me forçar a mim mesmo a seguir os objectivos, para criar uma certa responsabilidade intrínseca de me policiar a mim mesmo. Mas hey, vou continuar a tentar levar a vida não demasiado a sério, e se daqui a uns meses algumas destas coisas tiverem dado para o torto, ao menos ficará para a história este registo.

Monday 5 May 2014

Thursday 1 May 2014

(And It’s Sometimes Like It Will Never End)

Vivo numa cidade onde tudo é temporário, até as pessoas.
Vivo na era do fácil e descomprometido, até nas relações.
Vivo na ilusão do real, até quando abro os olhos.

Atirem os cânones ao rio, o meu barco já partiu de qualquer forma. Queimem todas as pontes, a ilha do meu eu já não tem espaço para mais do vosso vazio. Calem todas as bocas, de vez, se já não há nada verdadeiro a sair delas.

Eu tento, juro que tentei, e continuarei a tentar. Mas há sempre aquilo que não muda, há sempre a parte em que só o tentar não chega, há sempre o momento em que percebo que não quero continuar a tentar, não por vontade, mas por preservação. A certeza do efémero é o bote salva-vidas, tão confortável deixar as minhas expectativas afogarem-se todas nela. 
Merda. Tudo se transforma em merda, eventualmente.