Tuesday 21 January 2014

Confissões #04

Tenho uma forma demasiado sexual de comer bananas. Não intencionalmente.

Saturday 18 January 2014

20



Primeira pedalada de longa distância deste ano. O tempo aguentou-se, ainda passei por alguns pontos mais turísticos que já não via há bastante tempo, e consegui fazer o tempo estimado no gmaps. 
Senti-me vivo. Não há sensação como a de termos o "destino" entregue a nós mesmos. O tempo, a distância, o caminho, tudo dependente daquilo que conseguimos fazer naquelas duas rodas.


Será este o princípio da bicicleta como meu único meio de transporte nesta cidade? Veremos.

Mais ou Mesmo

Olho à minha volta e muito do que vejo são pessoas a preencher vazios. Não com momentos mas com coisas e outras pessoas.
E na busca dos meus momentos, do contacto humano que cada vez mais é entregue ao toque no ecrã em vez de na pele, vejo nos copos meio cheios corações meio vazios, e questiono se o problema não será meu, sempre muito exigente mesmo nas questões do mundano.

Mas não, o problema mais uma vez é a relatividade. Aquilo que eu quero é mais e melhor, o que me coloca num plano diferente de quem está confortável com mais do mesmo.

Friday 10 January 2014

Howl

It’s not just you. 
We've all got blackened hearts. We've all got saddened parts. 
And they don't know this play, they don't feel the bass. 
No happy endings, no soothing chords, more like a fist on the piano. 
And I'm happy that we’re always offbeat. 
The best minds of my generation, destroyed by madness...
Burning for a connection to the starry dynamo in the machinery of night. 
They sleep while they count the days.
They fear the moment when they part their ways.
Heads in cement, knees to the ground.
They loathe the beast they've crowned.
They broke their backs lifting moloch to heaven. 

We are the sea and all its sickness, just as blue and equally still. 
Like the other sore lips that are swaying with us, we’re all still ill.
Brothers, sisters, reap what you sow. 
God is dead, we’re alone.
The city’s howl never felt so loud, but we’re never quite mute.

Tuesday 7 January 2014

I'm just saying you could do better


Vida e Morte


Estou "preso" num comboio que atropelou alguém há uma hora atrás. A pessoa em questão morreu.

A primeira reacção das pessoas à minha volta foi ficarem muito indignadas. Porque já não é a primeira vez, porque vai demorar, porque ninguém comunica com os passageiros, porque o delegado de saúde não aparece, porque...
Mas que raio. Alguém acabou de perder a vida, muito provavelmente num acto de suicídio, e toda a gente só pensa nos seus narizes. Eu permaneço indiferente, calado, a ler quando os olhos não me pesam demasiado. Não obstante, pensativo e atento.

Um senhor dois assentos à minha frente veio do estrangeiro hoje de manhã para enterrar o pai. Lamenta-se do autocarro que perdeu logo de manhã para chegar ao aeroporto, de como teve que pagar taxi, de como não haviam voos disponíveis para o Porto e teve que voar para Lisboa e acabar neste comboio...pouca sorte, diria. 

Pessoas vão abandonando o comboio, impacientes com a situação ou com outros afazeres que não lhes permitem esperar mais. Vão-nos chegando detalhes do acidente, toda a gente acaba por ficar tranquilizada quando o revisor anuncia que iremos retomar a marcha nos próximos cinco minutos. O tom pesado esmorece. Faz-se conversa de circunstância, pessoas contam histórias de outras peripécias semelhantes. Percebo que se criou ali uma empatia instintiva entre todos, um fenómeno social fácil de perceber e já bastante estudado no circuito académico. Passado uns minutos já ninguém fala de morte, de acidentes ou de atrasos. Tudo o que importa é que o comboio, tal como a vida, continua a marcha.

Na chegada à estação terminal, levanto-me e olho à minha volta. Dos poucos restantes, apercebo-me que fui o único que nunca chegou a proferir uma única palavra. Percebo tal facto porque toda a gente me olha de forma estranha, como que a tentar descortinar-me, perceber qual a razão do meu silêncio, o porquê de não ter participado da amena cavaqueira.

Pouca sorte, diria.

Monday 6 January 2014

Young Hearts Be Free Tonight

Send my regards, see my new scars?
I am half dead from all these love songs
Intro to incoming end - sing the ones that make you live
The world is spinning round and round
And we're just staring at the ground
(It's only everything)

It's been too long since the last time we felt alive
We're digging our own graves - we're damning our own prayers
And these are songs the world would sing,
but they're too deaf for honesty
And these are lives the world would lead,
but they're against injury

Dance to the misery of your life put to backbeat
Dance to the sound of everything you ever lost
(Never had, nothing at all)
I wouldn't be here if I'd never plugged in this outlet
There is a world waiting for us to live in it
(Viva Love) 
Sing everything you've ever loved
For everything that you will one day love
Long live the sound of desperation
Long live the stereo of destruction



Wednesday 1 January 2014

Running #14


Resolução

Um ano que terminou, outro que agora começa. Será?

Digo às pessoas que a minha concepção de algumas coisas mudou. Umas ficam intrigadas, fazem perguntas que por vezes nem sei responder, outras riem-se por falta de interesse ou compreensão. Uma dessas coisas foi o tempo.

Se encararmos o tempo enquanto "unidade métrica" das nossas vidas, ou daquilo que fazemos com elas, então sim, podemos quantificar, esquematizar, fazer apanhados fotográficos do ano que findou em redes sociais. 
Se por outro lado tivermos em conta a teoria da relatividade, ou mesmo olharmos para outros povos/culturas que simplesmente têm medidas diferentes para o seu tempo, percebemos que todas as quantificações não passam de linhas feitas com régua e esquadro em pedaços de vento.
O tempo não muda, não se reinicia, não se transforma só porque temos um papel com quadradinhos e tabelas que nos diz que este é o princípio de um novo ano. É um fluxo contínuo, avassalador, completamente indiferente aos nossos caprichos ou medidas.

Assim sendo, em vez de celebrações e resoluções, tenho apenas um objectivo contínuo: melhorar.
Mas quantifiquemos, para não ser hipócrita: ontem foi a primeira noite de passagem de ano não-embriagado em mais de dez anos.
Hoje vou começar o ano com uma corrida, uma ida ao ginásio, uma refeição farta, um pouco de tempo com família e amigos e algumas horas de trabalho na editora, esta última que cada vez mais assumo como o projecto principal da minha vida, a par de outros objectivos de longo prazo, mas que encaro mais como realização de sonhos.
Em 2014 vou deixar bastantes pessoas decepcionadas, outras talvez surpreendidas, as poucas que interessam pelo menos. Ou porque querem para mim coisas que são baseadas nas suas próprias realidades, ou porque esperam de mim coisas que já não fazem parte de quem eu sou. Ou melhor, nunca fizeram, mas agora assumo isso de cabeça erguida e pronto para enfrentar os desafios, as consequências e os obstáculos das minhas próprias escolhas.

O tempo esse vai continuar a não querer saber de mim, nem de ti que me lês, nem do homem mais rico do Mundo, nem do que está em prisão perpétua ou do que está prestes a perder a vida nos próximos segundos.
Melhorar. Não ontem nem amanhã, agora. Melhor. Não segundo este ou aquele, o meu melhor.



You come into this world
With nothing except yourself
You, you leave this world
With nothing except yourself