Sunday 28 December 2014

Melhorias: Update


Em Maio deste ano escrevi aqui sobre algumas mudanças - ou melhorias, a meu ver - que estava a implementar no meu estilo de vida, e o que delas estava a advir.


Passados mais de seis meses, e em jeito de revisão anual, achei que estava na altura de recapitular comigo mesmo e apontar ideias sobre o que se tem passado. Assim sendo, aqui vai um update:

Minimalismo nas posses: Mais fácil do que pensava. Quando se tem um estilo de vida acelerado, activo e não co-dependente da aceitação social dos outros acaba-se por não sentir necessidade de consumir objectos, porque não precisamos deles para nos sentirmos melhor.
Toda a roupa ou acessórios que comprei este foram com objectivos específicos (coisas para o ginásio, bicicleta, cozinha), e salvo uma ou duas excepções que não eram assim tão necessárias ou o facto de que ainda tenho que me forçar a mim próprio a não comprar t-shirts de bandas que gosto, acho que é algo já completamente assimilado e que irei aprofundar ainda mais no futuro. Continuo a não contar com os discos de vinil, atenção.

Quase abstenção de álcool: A minha produtividade subiu a pique aos fins-de-semana, poupei muito mais dinheiro por mês e as pessoas mais chegadas acabaram por nem ligar ao fim de um tempo. Consegui provar a mim mesmo que não preciso de substâncias externas para me divertir quando saio à noite, e acabei por equilibrar bastante bem as minhas decisões, sendo que quando me apetece beber uma cidra ou um whisky o faço pelo sabor e não penso sequer no álcool.
Penso que estive visivelmente bêbado umas duas vezes este ano...esta era a média mensal desde o início da minha vida adulta.

#LESSMEATSTILLHAPPY: Provavelmente a mudança mais drástica e mais bem sucedida. Quase metade das minhas refeições são sem carne/peixe, e a maioria dessas são em casa. Em contrapartida tornei-me ainda mais informado em nutrição (o que também tem os seus senãos, pois se fica um bocado mais paranóico em relação a toda a merda que o público comum considera normal) e passei a apreciar melhor os sabores distintos dos vegetais e grãos e todas as alternativas de proteína que se encontram na natureza.

Bicicleta como meio de transporte: Continua a ser o meu meio de transporte quase único (andei de metro/autocarro umas 20 vezes no máximo neste ano, e em algumas delas levava a bicicleta comigo) e cada vez mais vejo como isso afecta a minha predisposição para tudo o que faço fora de casa. Ter um meio pessoal de transporte permite-me a qualquer hora chegar a qualquer lado, ser mais espontâneo e interactivo com as pessoas com quem quero estar, e principalmente sentir-me livre de constrangimentos de tempo. 
Já bati todos os meus recordes pessoais de distância/velocidade, já consegui bater tempos do metro...ter o controlo da nossa deslocação entregue em grande parte a nós próprios dá um gosto especial à deslocação numa cidade que está preparada para ciclistas.


Actividade física: Ginásio em média 4 dias por semana, os resultados que objectivei alcançar ainda não se notam na balança mas notam-se quando olho ao espelho e isso agrada-me. 
O facto de pedalar para todo o lado também complementa e por agora sinto-me bem com a forma como encaixo tudo isto na minha rotina.


Honestidade brutal: Acho que a maioria dos meus colegas de trabalho não acha muita piada quando digo abertamente que me estou a cagar para o mesmo. Acho que os meus amigos não gostam muito quando os chamo à atenção por coisas que antes fingia que não me incomodavam. Ou seja, o mesmo de antes: de paninhos quentes, sorrisos amarelos e mentiras brancas está o inferno cheio...e nós gostamos disso. É mais fácil e confortável e politicamente correcto, mesmo quando não queremos ser.
E depois há o problema de quando faço questões muito incisivas, ou digo algo mais descabido/irreflectido...o burro sou sempre eu. Mas hey, esta coisa das mudanças diz-me respeito a mim, portanto os outros que lidem com isso, ou não.

Aprender uma nova língua: Aqui fracassei por completo. Não retomei com o Alemão e comecei também a questionar a utilidade da língua a longo prazo...mas ainda consigo dizer algumas coisas básicas, o que poderá vir a ser útil. Acho que marcar uma viagem para a Alemanha/Áustria para o ano (Berlim de novo?) me irá ajudar a retomar o ímpeto de aprender.

Tirar mais partido da oferta cultural da cidade: No outro dia estava a tentar recapitular e fazer um top 5 dos melhores concertos que vi este ano...não consegui lembrar-me de todos. Acho que isto diz tudo.
Para o ano no entanto quero abrandar na música ao vivo e absorver mais das outras artes e outros eventos (festivais de cinema, por exemplo).

Reduzir o tempo nas redes sociais: Gradualmente a melhorar, mas ainda não posso dizer que tenha sequer conseguido metade do meu objectivo inicial, por isso foi meio falhanço. Ter que fazer campanhas de redes sociais como parte do trabalho da editora não ajuda, mas também sei que uso isso como desculpa. A longo prazo acho que só irei atingir esta meta com mais tempo fora de casa e longe do telemóvel - ou seja, a fazer coisas que requerem a minha atenção total, com pessoas que importam. Não será assim tão difícil, certo?

Sunday 7 December 2014

Back

"- It's as if I'm a visiting memory in their lives, a few days just to remember what it used to be like. I feel like a ghost, observant but afraid to touch, to interfere beyond a certain extent.
- But aren't you happy to be back home?
- I am, but it's not home anymore."


Saturday 22 November 2014

Confissões #05

Odeio ter de incluir respostas a emails de amigos em listas de tarefas de fim-de-semana. E mesmo assim às vezes deixo outras tarefas corriqueiras meterem-se à frente.

Friday 24 October 2014

Consequências

Observação participante vs. não-participante. Gosto mais da segunda, mas a primeira é o que na verdade constrói este blog.

E por vezes é preciso a tal perspectiva distanciada para me dar a necessária chapada na cara. Por vezes tudo o que é preciso é aquela conversa, do amigo que resolve ser mesmo amigo, que resolve mandar as tretas pela janela fora e meter o dedo na ferida.

Efeito dominó. 
Conversas levam a pensamentos. Pensamentos levam a acções. Todas as acções têm consequências. As consequências são sempre imprevisíveis.

Continuo a ser o egoísta que nunca neguei ser, mas ao menos sou honesto.
É uma salva-guarda moral para quando não tenho a coragem para tomar as decisões que sei certas? É. Mas mesmo um egoísta, cheios de vazios qual queijo suiço, cheio de indecisões, de contradições, de assuntos mal resolvidos, precisa do coração aquecido nas noites frias de Inverno.

Consequências, imprevisíveis, mas talvez necessárias.

Saturday 18 October 2014

Block

"I want to confess as best I can, but my heart is void. The void is a mirror. I see my face and feel loathing and horror. My indifference to men has shut me out. I live now in a world of ghosts, a prisoner in my dreams."

Friday 5 September 2014

Wednesday 3 September 2014

Quest for Atlas

O meu amigo Fábio é das poucas pessoas que conheço a agarrar a vida pelas bolas.


O blog dele é um registo minimalista e largamente visual de como se pode viajar e conhecer sítios novos a toda a hora, sem grandes orçamentos nem presunções, sem ter que tirar férias de semanas a fio ou até sem ter que se sair do país (ou Reino) onde se vive. 
As fotos revelam a beleza encontrada mesmo nos locais menos populares.


Fica aqui o link.

Sunday 3 August 2014

Running #18


Pleased to Meet You

I don't want to be followed by sheep
Don't need the respect of the mentally weak
I have no interest in leading the blind
But walking amongst those people with open minds because I'm -

TUI, as long as I'm still alive
I live to spite you

I can't believe how stupid you must be
To follow everything that you read, hear, and see
You could never walk the path that I walk
You're too afraid of the risk involved because I'm -

TUI, as long as I'm still alive
I live to spite you
Realize that I'm not one of your kind
I'm nothing like you

You shake my hand
Say, "Pleased to meet you"
Look me in the eye
I don't believe you

TUI, as long as I'm still alive
I live to spite you
Realize that I'm not one of your kind
I'm nothing like you

I'm nothing like you


No seguimento do post anterior.

Saturday 2 August 2014

Considerações


No outro dia conheci uma pessoa que tinha pouco a ver comigo. Começámos a falar, trocar ideias sobre as nossas vidas, a cidade onde vivemos, música...o normal. 

Evitei perguntar coisas aborrecidas, como o clássico "trabalhas em quê?". Tenho em ideia que se o que fazes não te define enquanto indivíduo, não é relevante para o meu conhecimento inicial da tua personalidade. O que gostas, o que consomes, o estilo de vida que levas quando as horas laborais se dão por terminadas, para mim é isso define a maioria das pessoas.

Mesmo sem termos muito em comum, fomos beber um copo. Ou em inglês, por muito que me custe admitir porque odeio estas convenções sobre a vida social, tivemos um "date". Não foi o meu primeiro, dificilmente será o meu último, mas aqui ficam algumas considerações no rescaldo do evento:

a) Fico demasiado excitado por estar com pessoas novas. Nervoso também, o que me leva a falar demais e dizer cenas estúpidas, mas a excitado acima de tudo. Cada pessoa encerra um Mundo em si própria, uma linha contínua de experiências, conhecimentos, emoções...coisas que são transmissíveis, são organismos vivos com os quais é possível interagir, e eu valorizo isso quando conheço alguém novo. 

O momento em que te "conectas" como um ser humano que até à data era totalmente abstracto à tua existência é um momento especial, único, nunca vai ser repetido da mesma forma no mesmo espaço e tempo. Por isso quero absorver, perceber e retribuir, deixar alguém com algo mais, com algo positivo, com novas ideias, com novas concepções.


b) Cada vez mais encontro jovens adultos a viver ou como adolescentes ou como "cotas" de meia-idade. Acho que após os 25 é importante encontrar algum equilíbrio e ter algumas noções de quem és e o que te define. 

Ter 27, um trabalho bem pago que envolve viagens de negócios e tudo mais, e ainda viver em casa dos pais, sem preocupações de comida na mesa e roupa lavada, é estar a fugir à realidade. Da mesma forma que o oposto, com contas para pagar, roupa para lavar e responsabilidades acrescidas, não significa que tens que tens que seguir o molde dos teus pais, acomodares-te a um estilo de vida "cansado" em que os fins-de-semana ou os dias de férias com o rabo sentado numa cadeira de praia a olhar para o mar azul passam a ser como que o "holy grail" em que encerras os teus objectivos.


c) Odeio normalidade. Ok, talvez "odeio" seja uma palavra muito forte, mas o conformismo que encontro no dia-a-dia cada vez mais me deixa irritado. Penso que já falei disto antes, mas ontem encarei a normalidade na cara mais uma vez e perturbou-me. 

Pessoas neutras, que vivem quadradas no seu dia-a-dia, que preferem a ignorância ao conhecimento sobre assuntos que não estão em frente ao seu nariz, que não têm argumentos que justifiquem o seu estilo de vida, não têm posições definidas sobre muito do que consomem ou fazem ou do que se passa no Mundo...irrita-me.

Ter 27 anos, em 2014, nascido e criado numa sociedade ocidental, vivendo numa cidade como Londres, e ter uma visão limitada ou mesmo inexistente sobre objectos culturais como arte, cinema, música, ou até mesmo gastronomia...é triste. Para não falar em política, mas ai deixo sempre espaço de manobra porque eu próprio sou bastante neutro (não confundir com vazio) nesse campo.
E o pior são os que, no alto do seu pedestal de confiança naquilo que a sociedade lhes impingiu que é o "normal", catalogam tudo o que é alternativo ou diferente como "estranho". "Ir a concertos sozinho? És maluco." "Ir viajar sem ter um hotel marcado? Nunca na vida." "Como assim comes refeições vegetarianas a toda a hora mas não és vegetariano?".

Ah, e d)  Ir ao ginásio não é um substituto para cultura nem é um estilo de vida. Não me lixem. 

É um meio para um fim, algo que podes ou não incluir no teu estilo de vida e na tua rotina, para te sentires bem contigo próprio e potenciares a tua saúde e bem-estar físico, mas não devia nunca ser algo que te define enquanto ser humano ou servir como desculpa para não teres tempo para outras actividades, algumas delas sim mais nutritivas para o intelecto.
A merda de ideias que as pessoas inventam nos dias que correm.

Mas pronto, isto já sou eu que venho de um meio de contra-cultura e tenho enraizadas certas noções e valores que provavelmente são uma anormalidade para 99% da população mundial, e "já devia era ter idade para ter juízo", como me diz a minha mãe. E ainda bem que assim é.
Não me interpretem mal, também gosto do conforto e de me deixar ser absorvido em parte pelas questões corriqueiras da vida...mas há que definir um "núcleo duro" (see what I did there?) de quem és e do porquê de seres assim, encontrar um equilíbrio pelo menos no que toca ao teu estilo de vida. 
O que me assusta é que cada vez mais olho à minha volta e só consigo identificar-me ou com pessoas com quase mais 10 anos, ou com menos 6 ou 7 que eu...a minha geração está a ficar bastante aborrecida, descaracterizada, conformista. 
Mas o que é afinal uma "geração", senão um "bloco" que alguém decide cortar como que fatia de bolo num plano temporal, talvez numa tentativa de pertencer, ou de poder mais uma vez generalizar, encaixotar e catalogar seres humanos?


Pessoas são pessoas, vou continuar a tentar dar chances às novas e deixar ficar as que realmente interessam.

Saturday 12 July 2014

Os Bons Rapazes Acabam em Último

A calça justa, de bainha subida, revelava o tornozelo mordido pelo pedal. Os cabelos, apanhados sem grande compromisso, navegavam ao sabor do vento com a mesma elegância do corpo. Subtil, sereno, confiante.
Havia algo instintivamente sexual na sua presença, na forma como os movimentos deslizavam com uma fluidez quase perfeita.

Parámos lado a lado. Olhei para o semáforo, observei os casais e famílias que caminhavam junto a nós. Olhei e olhei mas não ousei olhar. Não queria comprometer a imagem que havia construído. Mas não resisti.
Olhámo-nos nos olhos, como que por acidente, talvez não. Nem a mais elaborada e favorecida das minhas construções lhe teria feito jus. Sorri, ela sorriu. O semáforo ficou verde.

Pedalei com velocidade redobrada. Nunca mais olhei para trás.

Henry Rollins Ruined My Life

"-Oh so you're into punk...tell me your favourite punk band then!
 -It's really boring...
 -Nah c'mon, it's fine.
 -Green Day."

Thursday 10 July 2014

Youth

Shadows settle on the place, that you left.
Our minds are troubled by the emptiness.
Destroy the middle, it's a waste of time.
From the perfect start to the finish line.
And if you're still breathing, you're the lucky ones.
'Cause most of us are heaving through corrupted lungs.
Setting fire to our insides for fun
Collecting names of the lovers that went wrong
The lovers that went wrong.
We are the reckless,
We are the wild youth
Chasing visions of our futures
One day we'll reveal the truth
That one will die before he gets there.

And if you're still bleeding, you're the lucky ones.
'Cause most of our feelings, they are dead and they are gone.
We're setting fire to our insides for fun.
Collecting pictures from the flood that wrecked our home,
It was a flood that wrecked this...
... and you caused it...
... and you caused it...
... and you caused it...
Well I've lost it all, I'm just a silhouette,
I'm a lifeless face that you'll soon forget,
My eyes are damp from the words you left,
Ringing in my head, when you broke my chest.
Ringing in my head, when you broke my chest.

And if you're in love, then you are the lucky one,
'Cause most of us are bitter over someone.
Setting fire to our insides for fun,
To distract our hearts from ever missing them.
But I'm forever missing him.
And you caused it,
And you caused it,
And you caused it.

Friday 6 June 2014

Vampiros

Deitamo-nos sempre depois do sol nascer.
A manhã surge furtiva e dissimulada, como quem não sabe bem ao que vai mas na verdade tem o esquema todo montado. Ironicamente, tudo o que resta de nós perde um pouco do brilho quando iluminado.
O quarto revela-se pequeno demais para conter o embaraço e os olhares trocados em vez de palavras.

Uma hora e meia de sono. Que inútil. Digo-lhe que quero ficar, que aqueles olhos e aquele conforto inato são tudo o que preciso, nada mais importa. São palavras honestas, mas sei que não posso. Ela sabe disso. 

Quando fecha os olhos de novo sei que já a perdi. Nunca a tive. Será que alguma vez a vou ter? Por agora a ilusão que consumo a cada momento sacia-me a sede, mas o vazio acerca-se sempre de mim.

Antes de virar costas quis guardar aquele momento. Guardar uma prova de que a insónia não me tomou por parvo de vez. Guardar algo para que quando voltasse àquele quarto, horas mais tarde, com menos luz, conseguisse ainda sentir a sua presença.
Mas não o fiz. Fechei a porta e amaldiçoei o sol. Ladrão de sonhos.

Monday 19 May 2014

45

Em jeito de repetição, decidi fazer um pequeno post de apanhado dos filmes que já vi até ao momento este ano.

A primeira constatação estatística: este ano estou com menos ritmo.
Com "apenas" quarenta e cinco quase a meio do ano é fácil perceber que não vou atingir a casa dos 150 como nos dois anos anteriores, e acho isso saudável. Significa que estou a reduzir nos filmes merdosos ou só de entretenimento (ainda que hajam dias em que uma película de história simples com tiros e explosões a montes seja o que preciso mais que tudo) e a dedicar mais tempo a coisas mais importantes (será?).

Assim sendo, fica aqui um pequeno top 10, por agora ainda indiscriminado entre filmes antigos e recentes, com pequenos comentários só para situar, omitindo apenas coisas que já tinha visto no passado (revi o Snatch este ano, genial como sempre foi e sempre será):

  1. 12 Years as A Slave - fã incondicional do McQueen
  2. The Wolf of Wall Street - Scorsese deixou-se de invenções e fez aquilo que sabe fazer melhor, já fazia falta
  3. Short Term 12 - sem dúvida alguma o melhor filme indie que vi em vários anos 
  4. The Broken Circle Breakdown - se o tivesse visto o ano passado estava certamente nos primeiros lugares do meu top anterior
  5. The Hobbit: The Desolation of Smaug - cut me some slack, é o meu livro favorito da saga dos Anéis 
  6. Dallas Buyers Club - duas interpretações esmagadoramente brilhantes
  7. Seven Samurai - finalmente!
  8. Punch-Drunk Love - PTA conseguiu surpreender-me mais uma vez pela positiva e conseguiu arrancar o papel da vida ao bezerro do Sandler, a quem não acho piada nenhuma mas neste filme conseguiu a proeza de me fazer rir nas situações mais estranhas
  9. Call Me Kuchu / Blood Brother - empate técnico. São ambos documentários brilhantes e actuais e dei pontuação de 7 a ambos no IMDB por isso não me consegui escolher só um.
  10. Blue is The Warmest Color - este provavelmente vai de saco mais lá para a frente, mas não deixa de ser um filme corajoso e com momentos belíssimos
Vai ser engraçado ver como esta lista vai mudar até ao final do ano.

Thursday 15 May 2014

MIX5319

Provavelmente o meu melhor (e mais longo) mix até à data. Hector's got that swag.

Wednesday 7 May 2014

Melhorias

No princípio deste ano escrevi sobre o meu objectivo principal aqui.
Tendo em conta que já vamos quase a meio do ano, e porque realmente começo a notar os efeitos práticos do tal “melhorar” de que falei no post, resolvi escrever algo em jeito de actualização.

O tempo nesta cidade passa muito depressa. Admito ser complicado não me deixar absorver pela rotina, ou conseguir encontrar o equilíbrio necessário entre um trabalho full-time, outro casual (onde cada vez menos meto os pés) e um projecto que encaro como o meu trabalho principal. Mas a verdade é que consegui até agora fazer algumas mudanças no meu chamado “estilo de vida”, algumas ligeiras, outras mais drásticas, que me fazem sentir muito melhor enquanto ser humano. Seguem abaixo:

Minimalismo nas minhas posses: Viajar ensinou-me muitas coisas. Uma delas foi a minimizar. Quando passas quase 6 meses com nem 10% da roupa que tinhas no armário, e percebes o valor superficial que tantos outros objectos têm no teu dia-a-dia, aprendes a criar prioridades. 
Desde que voltei não comprei mais roupa nem objectos excepto os necessários para pedalar ou trabalhar, ou mais recentemente para tornar confortável a estadia no meu quarto novo. Vou tentar não comprar sequer uma t-shirt nova este ano (o que é difícil, porque continuo a querer aumentar a minha colecção de t-shirts de bandas, mas já me forcei a mim próprio a não comprar, mesmo no momento do “checkout” no carrinho de compras online).
Ter poucas opções é óptimo: obriga-me a lavar roupa todas as semanas em vez de a deixar amontoar no cesto, obriga-me a ser criativo com a mistura de cores/padrões, e permite-me acima de tudo sentir-me confortável na minha própria pele. Não preciso de roupa nova para me sentir confiante, não preciso do conhecimento sobre novas tendências e marcas a ocupar-me espaço no cérebro que pode ser utilizado para coisas importantes.
Nota: nesta medida não estão incluídos discos. Mas sempre comprei muito poucos de qualquer forma.

“O Ema já não bebe”: Não é bem assim, mas não anda muito longe da verdade. Inicialmente cortei por completo com as bebidas alcóolicas, gradualmente encontrei um equilíbrio pessoal que me permite estar bem comigo mesmo. Só bebo algo do qual gosto do sabor, não apanho bebedeiras, e não deixo de dar um gole numa cerveja ou cocktail alheio apenas para matar a sede. Isto significa que quando saio com amigos por norma não gasto nada em álcool, e mesmo quando o faço é apenas uma ou duas cidras (porque aquilo é tipo refrigerante de fruta com álcool).
Esta medida foi tomada por dois simples motivos: valorizo o meu tempo útil, sendo que este não existia quando perdia um dia inteiro em ressaca de uma noite de copos; valorizo o meu dinheiro, visto que não tenho muito, e o álcool - especialmente em espaços de divertimento nocturno nesta cidade – é caro. Assim sendo poupo na saúde e na carteira, e, mesmo que chegue a casa tarde, no dia seguinte estou a pé a horas decentes e com vontade de fazer coisas.

#LESSMEATSTILLHAPPY: Cortei o meu consumo de carne/peixe em cerca de 50%. Atribuo esta mudança ao tempo passado na Índia, onde o por vezes difícil acesso a pratos não-vegetarianos e a qualidade dos mesmos começou a reconfigurar a forma como vejo a minha nutrição. Algumas das coisas mais saborosas que lá comi eram vegetarianas. 
Nos dias que correm, como refeições vegetarianas quase todos os dias, pelo menos uma vegan por semana, e sinto-me mais equilibrado e saudável. 
Esta mudança obriga-me a variar mais nos vegetais e fruta, nos substitutos eficazes da proteína (como nozes e sementes todos os dias), nos temperos e nas formas de confeccionar, para não me aborrecer com os sabores. Isto devolveu-me um pouco do entusiasmo que sempre tive pela cozinha mas que no passado vinha a esmorecer. Se continuo a amar carne e peixe, a sentir a sua falta, e a retirar imenso prazer do sabor destes produtos? Sim. Mas não sinto a necessidade de os ter presentes em todos os pratos.
Nota: também reduzi na quantidade de pão, leite (metade do leite que compro é de soja) e gordura em geral (uso margarina em vez de manteiga, nenhum outro óleo além de azeite, como muita pouca carne gorda). E não bebo café, mas isso ja foi algo que decidi o ano passado.

Bicicleta como meio de transporte: pedalo em 99% das minhas deslocações em Londres. Já falei disto antes aqui, por isso não me vou alongar. Pedalo para o trabalho, para ir às compras, para sair com amigos...envolve uma logística diferente, obriga-me a planear melhor os meus dias, mas dá-me muito prazer. E ao mesmo tempo mantém-me em forma, dá-me adrenalina para começar o dia (ou a noite) e permite-me na maior parte das vezes chegar a horas, coisa que nunca foi o meu forte.

Actividade física: comecei por correr. Depois como comecei a pedalar reduzi na corrida, e comecei a fazer umas coisas em casa, para ganhar forma. Desde a semana passada comecei com o ginásio. O objectivo é apenas ganhar 5kg de massa muscular, nada mais. Não quero ficar nenhum “armário”, não quero impressionar miúdas, quero apenas atingir uma meta que irá melhorar a minha condição física e colocar o meu índice de massa corporal num valor mais confortável e que me dará assumidamente mais gosto de ver no espelho. O ginásio permite-me voltar à corrida - ainda que na passadeira (é chato mas é o que a disponibilidade permite) - e trabalho todas as partes do corpo.

Honestidade brutal: nunca fui pessoa de muitas papas na língua (e falo pelos cotovelos), pelo menos com as pessoas com quem tenho confiança e à vontade para falar abertamente, mas decidi que iria usar menos filtros, ou “paninhos quentes” no meu discurso. Esta mudança já me trouxe vários problemas, tanto pessoais como profissionais, o que me levou a concluir o óbvio: no geral, as pessoas não querem saber o que realmente pensas. A tua opinião, mesmo quando pedida, ou quando exprimida voluntariamente num gesto de boa fé e de positivismo, é na maior parte dos casos indesejada e mesmo irrelevante. Porque o que toda a gente quer é que lhes digam que têm razão. Se me vou calar por isso? Depende, mas na maioria dos casos não.

Aprender uma nova língua: Comecei a aprender Alemão através do método Pimsleur. Confesso que descurei nos últimos dois meses, porque estava a fazer as lições de áudio no caminho para o trabalho que agora ficou reduzido a uns escassos 9 minutos, mas tenciono retomar já esta semana. E mesmo com o pouco que já aprendi já consigo expressar uma ideia muito básica ou uma pergunta mais essencial, o que é um avanço tremendo para quem já esteve três vezes na Alemanha e nem um copo de água sabia pedir.

Tirar mais partido da oferta cultural da cidade: um dos principais motivos pelos quais me mudei para Londres foi a quantidade de concertos e oferta cultural que todos os dias acontecem. Quando em viagem me perguntavam como era viver aqui eu dizia: “Se Nova Iorque é a cidade que nunca dorme, Londres é a cidade que nunca aborrece”. Mas a verdade é que nunca senti que estava a aproveitar tudo isto ao máximo. Várias condicionantes, e várias desculpas que dava a mim próprio.
Isso tem vindo a mudar. Enquanto escrevo este post adiciono dois concertos à minha agenda para esta semana. No fim-de-semana visitei dois espaços culturais, estando a pensar tornar-me membro de um, porque gosto bastante do espaço em si e quero forçar-me a sair da minha zona de conforto cultural. 
Já houveram dias em que fui a dois concertos num dia, já houveram dias em que visitei um museu sozinho, e aliás, tenho ido a vários concertos sozinho, ignorando o constrangimento e admitindo que mesmo que a experiência seja menos social, se vou pela música essa está lá sempre para mim, e por vezes até tive uma experiência mais envolvente por não ter ninguém a “distrair-me”.

Mas o maior e vergonhosamente admitido melhoramento é o que está para começar…

Reduzir o tempo perdido nas redes sociais: vou cortar radicalmente o meu acesso pessoal às redes sociais, particularmente o Facebook. 
A primeira coisa que faço todos os dias é ligar-me à net, e ver o Facebook. Posso até estar atrasado para algo, com fome, ainda nem com luz no quarto, mas já estou a passar o dedo nas notificações. É ridículo, ocupa-me imenso tempo diariamente, e acima de tudo é um obstáculo para realizar outros projectos. 

Assim sendo, vou reduzir o meu acesso às redes sociais a cerca de 2 ou 3 horas por semana. Mas mesmo do cronometrar e apontar os tempos diários. 
Vai ser o maior desafio pessoal, por mais vergonhoso que seja admitir isto, mas tendo em conta que este comportamento foi aprendido então sei que posso desaprendê-lo. Vou começar por desactivar a minha conta de Instagram, que já por si era apenas mais uma experiência do que outra coisa, e já comecei a reduzir ainda mais as pessoas que aparecem no meu feed do Facebook, de forma a que mesmo quando aceder a ele os conteúdos sejam de interesse e a navegação seja eficaz e não a perda de tempo que tem sido até agora. 
A isto ajuda também não ter mudado de telemóvel nos últimos quatro anos, o meu smartphone foi a minha melhor aquisição em preço-qualidade, mas não é “esperto” o suficiente para ter as aplicações que toda a gente usa.

Esta mudança vai invariavelmente conduzir-me a outras, como por exemplo:
Ler mais. Escrever mais. Prestar mais atenção à música que oiço. Dedicar mais tempo à Juicy. Comunicar mais cara-à-cara ou pelo menos com mais “conteúdo” com os amigos e pessoas que importam na minha vida. Com sorte até dormir mais!


E ok, por agora é tudo. Escrevi este post em parte para me forçar a mim mesmo a seguir os objectivos, para criar uma certa responsabilidade intrínseca de me policiar a mim mesmo. Mas hey, vou continuar a tentar levar a vida não demasiado a sério, e se daqui a uns meses algumas destas coisas tiverem dado para o torto, ao menos ficará para a história este registo.

Monday 5 May 2014

Thursday 1 May 2014

(And It’s Sometimes Like It Will Never End)

Vivo numa cidade onde tudo é temporário, até as pessoas.
Vivo na era do fácil e descomprometido, até nas relações.
Vivo na ilusão do real, até quando abro os olhos.

Atirem os cânones ao rio, o meu barco já partiu de qualquer forma. Queimem todas as pontes, a ilha do meu eu já não tem espaço para mais do vosso vazio. Calem todas as bocas, de vez, se já não há nada verdadeiro a sair delas.

Eu tento, juro que tentei, e continuarei a tentar. Mas há sempre aquilo que não muda, há sempre a parte em que só o tentar não chega, há sempre o momento em que percebo que não quero continuar a tentar, não por vontade, mas por preservação. A certeza do efémero é o bote salva-vidas, tão confortável deixar as minhas expectativas afogarem-se todas nela. 
Merda. Tudo se transforma em merda, eventualmente.

Monday 21 April 2014

Lascívia

Calafrios. Acordo numa poça de suor.
Os olhos mantenho-os fechados, mas as imagens começam a desvanecer. Nunca consigo guardar os sonhos para mais tarde. Nunca consigo guardar nada para mais tarde.
O dia desenrola-se qual bola de ferro. Arrasta-se, arrasta-me, alastra-se. Mas não importa. Há algo à minha espera no fundo do túnel.

Zero. Mesmo quando preciso, quando importa, a concentração esvai-se, evapora-se. Fecho os olhos na esperança de conseguir agarrar a que resta. Nunca consigo guardar nada para mais tarde.

Não paro de pensar no final do túnel, mesmo sabendo que não há final. Não há nada naquele abraço que me consome, que me acalma, que me devora. O toque, o cheiro, o sabor, cada um ocupa um espaço específico na minha mente. Tremo de desejo por cada um deles em igual medida, desejo todos ao mesmo tempo em quantidades infindáveis.
Fecho os olhos, quero que tudo desapareça, quero que o túnel me engula sem promessas de um final feliz. Eu sei que não vai existir um final feliz, mas não consigo tirá-lo da cabeça.

Dou voltas e voltas, procuro caminhos, procuro atalhos. A incapacidade torna-se em frustração, a frustração torna-se em vontade, a vontade torna-se em necessidade, a necessidade torna-se em ímpeto, o ímpeto torna-se em consumação.

Doses e medidas, cortes e feridas. Uma das minhas músicas favoritas começa por dizer que todos temos corações enegrecidos. Mas não explica como lidamos com eles.

Quero tocar, cheirar, saborear, mas não o faço. Abstenho-me. Converso desconversando, defendo-me atacando, passivo agressivo, falso, sujo, hipócrita. Mas fraco como sou, sucumbo. Digo a mim mesmo que não fui eu que dei o primeiro passo quando na verdade fui eu que corri atrás. Falso, sujo, hipócrita.
Absorvo com o máximo vigor, agarro, mordo, tudo é feito com um fervor que me transporta para fora de mim. Há algo no abraço, no toque, no cheiro, no sabor. Não é vazio. Mas não é completo. Não me completa. Mas sabe tão bem que quase consigo agarrar as imagens de um passado não muito longínquo.

Fecho os olhos. Tento salvar todos os pedaços, todos os restos, levá-los comigo, retirar deles algo que ilumine estas noites húmidas de privação.
Nunca consigo guardar nada para mais tarde.


Post influenciado e escrito ao som de:

Wednesday 16 April 2014


Se há vezes em que me dá mesmo gosto ser do contra, é quando decido só dar chances aos hypes da música "indie" anos mais tarde. 

Li, em 2008 não terias certamente tido o mesmo impacto. Em 2014 és do melhor que ouvi este ano.


Mo Money...

"-I really can't see the point in investing so much time and effort in something that isn't making you any money.
-Exactly: you can't really see."

Sunday 23 March 2014

Em Duas Rodas

Quando decidi que iria tentar usar a bicicleta como primordial meio de transporte no meu regresso a Londres, fi-lo sem pensar duas vezes.
Já tinha dado gradualmente passos largos para esta mudança – nos meus últimos meses na cidade, antes da viagem que iniciei em Maio do ano passado – mas estes tinham sido mais resultado de condicionantes do que uma decisão verdadeiramente calculada.


Agora, com perto de três meses a pedalar contra frio, chuva, vento, taxistas, autocarros, buracos, turistas, bêbados, etc., acho que posso finalmente dizer que a bicicleta faz parte da minha vida em Londres.

Através dela tenho vindo a desenvolver um gosto especial pela cidade, pelo seu misto de clássico com moderno, de betão com espaços verdes, de caos com metodismo. Em dias de sol os espaços irradiam vida e dinâmica, durante a noite a cidade ganha um charme que se revela na iluminação selectiva e colorida dos espaços mais turísticos, a par da aura de mistério patente nas ruas e vielas mais estagnadas no tempo.

Cada vez que pedalo, particularmente longas distâncias, vejo também um progresso que ajuda à determinação de continuar. Há uma aprendizagem gradual, uma confiança que se ganha com a experiência, uma competição de nós contra nós próprios (e contra as adversidades que encontramos) que fortalece o espírito.
Da mesma maneira que me lembro de no ano passado sorrir ao pensar nos kilometros que já conseguia fazer num dia, ou de como conseguia encontrar as minhas próprias rotas alternativas para chegar aos sítios, hoje regozijo a pensar no quão rápido consigo atravessar a cidade de uma ponta à outra, muito mais depressa que um autocarro, quase tão rápido como o metropolitano (se contarmos o tempo de porta a porta), de como consigo pedalar sem mãos (nunca o tinha feito antes) e principalmente do prazer que me dá fazê-lo de bicicleta. Posso dizer honestamente que sou uma pessoa mais feliz a utilizar a bicicleta como meio de transporte em Londres.


Se às vezes é duro, cansativo, e se tem várias condicionantes? Claro. Sem esses factores provavelmente já estaria aborrecido. É a adversidade que dá um gosto especial ao que faço.

Tuesday 18 March 2014

Antwerpen



De todas as fotos que já tirei em viagem, esta será provavelmente a minha favorita.

A emoção da chegada e da partida, o charme adicional do comboio, um meio de transporte outrora tão crucial e hoje em dia tão esquecido, a beleza arquitectónica tão imponente e ao mesmo tempo tão permissiva. 

Até breve, Antuérpia.

Thursday 13 March 2014

Dualidades

É complicado ter planos, quando o plano é viver. É complicado ter opções quando não sabemos distinguir entre o real e o abstracto.
Só há dois ritmos. O de quando tudo à nossa volta pára e nada mais interessa, e o de quando o feitiço quebra e tudo se desenrola a contra-relógio.

Beijo na boca, pé no pedal, palavras que carregam mais do que caracteres, olhares trocados através de um ecrã. Ou consigo alcançar mas não tocar onde realmente quero, ou toco e sinto mas não consigo alcançar de todo. 

Passo a mão por cabelos loiros. Os olhos verdes - quase cinzentos quando a luz é amena – deixam transparecer tudo aquilo com o qual não quero lidar, mas ainda aqui estou. Acordo a olhar para cabelos negros. O olhar é confiante mas deixa transparecer as mesmas sequelas. As curvas são tudo aquilo que desejo, mas trazem consigo uma ruína da racionalidade da qual sempre me prezo.

Parece maldição, esta percepção daquilo que se esconde por detrás do sorriso momentâneo e do olhar que divaga.
A dualidade é intrínseca mas começa a dar cabo de mim. Já não sei o que quero, e pior, não sei bem o que querem de mim.
Bem tento continuar a planear, antecipar os obstáculos, gerir a logística, sem perceber que o principal obstáculo sou eu, e a sabotagem que a mim próprio me permito.
Continuo a tentar não perder o controlo, ir com calma, gerir os sentimentos, sem perceber que o principal motor do caos sou eu, e as emoções que não consigo deixar na gaveta.

Mas percebo. E confesso. E exercito a tal honestidade brutal que tenho vindo a aperfeiçoar. Os resultados são distintos, as reacções são diferentes, e continuo dividido entre o real e o abstracto. Por agora preenche-me mais o real, porque é o mais fácil é certo, mas também porque é o que oferece o desafio mais imediato. Mesmo percebendo que o abstracto será invariavelmente a variável de maior satisfação, porque afinal de contas é o sonho que comanda a vida.

Wednesday 12 March 2014

R U Mine?

I'm a puppet on a string
Tracy Island, time-traveling diamond
Coulda shaped heartaches
Come to find ya fall in some velvet morning
Years too late
She's a silver lining lone ranger riding
Through an open space
In my mind when she's not right there beside me

I go crazy 'cause here isn't where I wanna be
And satisfaction feels like a distant memory
And I can't help myself,
All I wanna hear her say is "Are you mine?"

Are you mine?
Are you mine?
Are you mine?

I guess what I'm trying to say is I need the deep end
Keep imagining meeting, wished away entire lifetimes
Unfair we're not somewhere misbehaving for days
Great escape lost track of time and space
She's a silver lining climbing on my desire

And I go crazy 'cause here isn't where I wanna be
And satisfaction feels like a distant memory
And I can't help myself,
All I wanna hear her say is "Are you mine?"

Well, are you mine? (Are you mine tomorrow?)
Are you mine? (Or just mine tonight?)
Are you mine? (Are you mine? Mine?)

And the thrill of the chase moves in mysterious ways
So in case I'm mistaken,
I just wanna hear you say you got me baby
Are you mine?

She's a silver lining lone ranger riding through an open space
In my mind when she's not right there beside me
And I go crazy cause here isn't where I wanna be

And satisfaction feels like a distant memory
And I can't help myself,
All I wanna hear her say is "Are you mine?"

Well, are you mine? (Are you mine tomorrow?)
Are you mine? (Or just mine tonight?)
Are you mine? (Are you mine tomorrow, or just mine tonight?)


Saturday 8 March 2014

Herói


Ontem gritei na cara de um dos meus heróis. 
Olhei-o nos olhos: vi espelhadas nele as mesmas questões, as mesmas inseguranças, o mesmo peso das expectativas, das desilusões, das falhas, do fardo que é ser humano em tempos desumanos.
Saltei por cima dele, aterrei em corpos de outros miúdos como eu, que carregam também os seus fardos, e idolatram alguém como ele pelo simples facto de assumir, questionar, expor tudo aquilo que tantos guardam cá dentro até sucumbirem ao peso.

No final, quando o ruído cessou, o George sentou-se no chão daquele que havia sido o seu palco por trinta e poucos minutos, encostado a uma parede, em silêncio, a olhar para o vazio. O êxtase ainda era visível na sua cara, mas ia-se transformando em algo diferente. Talvez fossem os demónios que ele acabara de exorcizar minutos antes ainda presentes na sua consciência, ou talvez fosse outra coisa qualquer. Nunca saberei. A uns escassos passos dele, não tive coragem de lhe dizer nada.
Se foi por sentir aquele como um momento privado, se foi por querer preservar o mito do homem que penso conhecer numa redoma de vidro, se foi por medo de bloquear quando lhe quisesse dizer o quão importantes as suas palavras têm sido para mim ao longo dos anos, o quão me revi nelas e me virei para elas em momentos mais negros...nunca saberei. Virei costas e deixei-o naquele palco, entregue a si mesmo como ele sempre esteve e sempre estará.

Fica aqui então um obrigado em atraso, George. Espero que continues a não sucumbir.

Sunday 23 February 2014

(It's Sometimes Like It Never Started)

"It's gonna hurt or make you feel like shit.Everything turns to shit eventually."

Wednesday 12 February 2014

Tempestade

O cheiro a humidade, o céu cinzento, aquele desconforto que me assola por saber o que ai vem.
Consigo perceber a tempestade a milhas de distância. Já estive no seu epicentro, já lidei com o antes, o durante, o depois. Consigo lamber as consequências nas cicatrizes que me assombram em noites de maior silêncio. Tudo é idêntico, fácil demais perceber o que vai correr mal.

Mas não consigo fugir. Não quero, na verdade. Quero deixar-me envolver por ela, deixá-la corroer o que resta desta ferrugem, deixar que lave tudo o que ainda me prende ao passado.
As consequências? Lido com elas depois. As cicatrizes? Compro um pote de sal. Agora tudo o que importa é olhar aquele verde acinzentado nos olhos e navegar o barco. Não nasci para ser capitão, nunca o quis, não lido bem com as responsabilidades acrescidas, mas a verdade é que acabo sempre por ter que assumir o comando.

O passado, sejamos francos, assombra mas ensina. Vou tentar não magoar ninguém desta vez – será utópico? Descubro quando chegar ao epicentro. Morder sem doer, pagar sem dever, beijar sem…merda, acho que já está a chover cá dentro.

Saturday 8 February 2014

Ghostwriter

What did you expect, it’s always been this way
Looking for the chance to finally feel complete

Years fly by, you only live the past
Disowned by myself, don’t ask why
I’m losing battles that I’ve already won
I’m fighting demons that are already dead

Because you left
Left that space inside my head
Empty space without a trace
Feelings all but lost inside
Emotion hard to fight, emotion now is hard to find
The full void, an empty well
Cobwebs in a jaded hell

These are the things that I don’t want you to hear
The hidden traits that I fucking fear
There’s certain things I keep inside
The dark side of my mind
There’s certain things I cannot find
The dark side of my mind
These are the things that I don’t want you to see

Say goodbye to all of those thoughts
Say goodbye to everything
Say goodbye to a mind locked in the past and all I’ve kept inside
Breaking and taking this home I’ve been making
Waking and faking these breaths I’ve been taking

Life takes a hold, time takes its toll
Life takes a hold, takes control


Saturday 1 February 2014

Círculos

As coisas nunca são bem o que aparentam ser, dizem-me com relativa frequência. Mas como pode isso ser? Se vejo as mesmas coisas que toda a gente, se o branco é branco, o preto é preto, e o azul é azul, porque raio olho à minha volta e vejo tanta diferença?
Mas continuo a sorrir, a fazer o esforço, porque a diversidade, a diferença, dá cor ao Mundo. Até ignoro certos complexos de superioridade, certas atitudes que em outros tempos me enojariam e me fariam virar costas e não mais olhar para trás. Porque cuspir na cara e cerrar punhos é imaturo, porque há que ser melhor, mesmo aceitando que nestas coisas não há melhor nem pior, só diferente. Conter a raiva, selar os lábios, controlar, condicionar, ignorar.
“Quando é que foi a última vez que tiveste uma conversa com significado? Quando é que foi a última vez que deste um abraço sentido? Quando é que foi a última vez que foste lá ao fundo e mostraste aquela parte de ti que dói de tão real? Quando é que foi a última vez que sorriste sem te aperceberes?”

Quadrados e cruzes, vejo a vida a andar em círculos. E o branco afinal não é bem branco, o azul tem tonalidades. Só resta mesmo o preto, esse não muda, absorve apenas, e por vezes, inesperadamente, mostra mais do que eu queria ver. Porque é no disfarce da noite que se revelam muitas das coisas que a luz do dia inibe.

O problema, na verdade, parece estar mais nos olhos do observador.

Tuesday 21 January 2014

Confissões #04

Tenho uma forma demasiado sexual de comer bananas. Não intencionalmente.

Saturday 18 January 2014

20



Primeira pedalada de longa distância deste ano. O tempo aguentou-se, ainda passei por alguns pontos mais turísticos que já não via há bastante tempo, e consegui fazer o tempo estimado no gmaps. 
Senti-me vivo. Não há sensação como a de termos o "destino" entregue a nós mesmos. O tempo, a distância, o caminho, tudo dependente daquilo que conseguimos fazer naquelas duas rodas.


Será este o princípio da bicicleta como meu único meio de transporte nesta cidade? Veremos.

Mais ou Mesmo

Olho à minha volta e muito do que vejo são pessoas a preencher vazios. Não com momentos mas com coisas e outras pessoas.
E na busca dos meus momentos, do contacto humano que cada vez mais é entregue ao toque no ecrã em vez de na pele, vejo nos copos meio cheios corações meio vazios, e questiono se o problema não será meu, sempre muito exigente mesmo nas questões do mundano.

Mas não, o problema mais uma vez é a relatividade. Aquilo que eu quero é mais e melhor, o que me coloca num plano diferente de quem está confortável com mais do mesmo.

Friday 10 January 2014

Howl

It’s not just you. 
We've all got blackened hearts. We've all got saddened parts. 
And they don't know this play, they don't feel the bass. 
No happy endings, no soothing chords, more like a fist on the piano. 
And I'm happy that we’re always offbeat. 
The best minds of my generation, destroyed by madness...
Burning for a connection to the starry dynamo in the machinery of night. 
They sleep while they count the days.
They fear the moment when they part their ways.
Heads in cement, knees to the ground.
They loathe the beast they've crowned.
They broke their backs lifting moloch to heaven. 

We are the sea and all its sickness, just as blue and equally still. 
Like the other sore lips that are swaying with us, we’re all still ill.
Brothers, sisters, reap what you sow. 
God is dead, we’re alone.
The city’s howl never felt so loud, but we’re never quite mute.