Tuesday, 10 December 2013

Centrifugação


Ciclo rápido, em sintonia com os tempos e a minha paciência para o corriqueiro e estritamente necessário.
A máquina começa, mas na verdade nunca parou. Pelo menos não por estes lados, onde o progresso comanda o ritmo dos Homens.
Steinbeck faz-me companhia. Ele entende de ventos de mudança, mas os meus olhos divagam.
O som atrai-me o pensamento, e por consequência volto a pensar na máquina. 
Hipnotizante, continua a comandar ao som do seu tambor. É visceral. Olhando de perto dá para constatar o quão eficaz é a remover pedaços de História. Mais que não seja, limpa-nos da responsabilidade de ter que pensar nas consequências. Se errar é humano, então estamos a perder essa qualidade. Ciclo após ciclo, click após click, undo, delete, escape.

E eis que entra o grande final apoteótico, o meu favorito. Um turbilhão de caos e confusão. Existe a tensão, existe a possibilidade do desastre...mas não, é um final encenado, controlado, calculista, mecânico. A máquina sabe o que faz. A nós resta-nos seguir o ciclo, colher os resultados, manter o saco cheio de futilidades mas vazio de emoções, e repetir. O corriqueiro ocupa a cabeça, o coração contenta-se com o ritmo do tambor.

No comments:

Post a Comment