"Le temps détruit tout".
Hoje estou em casa. Não a casa longe de casa, ou a casa adoptada durante uns tempos, a casa onde cresci.
A sensação é estranha. Tudo é familiar, mas ao mesmo tempo sinto-me desligado, distante, e noto diferença em coisas que antes faziam parte do meu dia-a-dia.
Abri o armário (novinho em folha, ironicamente mandado fazer à medida para um quarto inabitado), procurei por uns ténis confortáveis para o calor. A escolha foi óbvia: dunks, sempre os mais confortáveis. Curiosamente encontrei uns tão velhos que mesmo quando ainda vivia aqui já não os usava, facto demonstrado nas solas já meio amareladas. Encaixaram na perfeição, como se os tivesse calçado ontem.
A sensação é estranha. Tudo é familiar, mas ao mesmo tempo sinto-me desligado, distante, e noto diferença em coisas que antes faziam parte do meu dia-a-dia.
Abri o armário (novinho em folha, ironicamente mandado fazer à medida para um quarto inabitado), procurei por uns ténis confortáveis para o calor. A escolha foi óbvia: dunks, sempre os mais confortáveis. Curiosamente encontrei uns tão velhos que mesmo quando ainda vivia aqui já não os usava, facto demonstrado nas solas já meio amareladas. Encaixaram na perfeição, como se os tivesse calçado ontem.
Decidi caminhar até ao meu destino. O curto percurso de 12 minutos, que tantas vezes cronometrei por força do comboio que não esperava, foi cheio de memórias. Passei por prédios onde moravam amigos, subi ruas que em tempos desci de skate, e lá ao fundo vislumbrei o velho shopping, mutante edifício que nunca deixou de ser uma perfeita amostra da cultura suburbana local.
Lá dentro, estranhei a falta de diversidade nas pessoas. As mesmas roupas, as mesmas cores de cabelo, as mesmas etnias...fez-me confusão. Dei comigo a pensar como tudo é tão monótono por aqui, e em como já estou tão habituado a lidar com pessoas diferentes, dos quatro cantos do Mundo, com os seus sotaques manhosos e aparências que afirmam mais que fashion statements.
Dizer "olá" a alguém que me atendeu numa loja e receber um formal "boa tarde" em troca foi constrangedor. Fiz figura de turista a tentar perceber as medidas "europeias" para comprar um cinto.
Nos próximos dias vou estar com pessoas que me fazem muita falta mas para as quais não tenho mostrado o devido interesse. Posso sempre por as culpas na geografia, mas é treta. Um dos combustíveis que alimentam as relações é o tempo, e esse tem passado demasiado depressa. Enquanto que antes eu o gastava junto das pessoas importantes, agora gasto-o longe. E só reparo no quão estou longe quando estou perto.
Nunca senti que fizesse parte deste local porque cresci virado para o Mundo, mas foram essas pessoas que me fizeram sentir em casa. É complicado perceber que hoje em dia faço tão pouco parte da vida deles, em grande parte por culpa minha, por mais que a distância seja um obstáculo e o tempo uma força destruidora.
O dia de hoje foi propositadamente passado ao som do disco All We Grow do S. Carey, uma das coisas mais perfeitas de 2010, mas o feeling foi mais de uma Tourist, música dos Blacklisted.
Nos próximos dias vou estar com pessoas que me fazem muita falta mas para as quais não tenho mostrado o devido interesse. Posso sempre por as culpas na geografia, mas é treta. Um dos combustíveis que alimentam as relações é o tempo, e esse tem passado demasiado depressa. Enquanto que antes eu o gastava junto das pessoas importantes, agora gasto-o longe. E só reparo no quão estou longe quando estou perto.
Nunca senti que fizesse parte deste local porque cresci virado para o Mundo, mas foram essas pessoas que me fizeram sentir em casa. É complicado perceber que hoje em dia faço tão pouco parte da vida deles, em grande parte por culpa minha, por mais que a distância seja um obstáculo e o tempo uma força destruidora.
O dia de hoje foi propositadamente passado ao som do disco All We Grow do S. Carey, uma das coisas mais perfeitas de 2010, mas o feeling foi mais de uma Tourist, música dos Blacklisted.
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