Quando decidi que
iria tentar usar a bicicleta como primordial meio de transporte no meu regresso
a Londres, fi-lo sem pensar duas vezes.
Já tinha dado
gradualmente passos largos para esta mudança – nos meus últimos meses na
cidade, antes da viagem que iniciei em Maio do ano passado – mas estes tinham
sido mais resultado de condicionantes do que uma decisão verdadeiramente
calculada.
Agora, com perto de três meses a pedalar contra frio, chuva, vento, taxistas,
autocarros, buracos, turistas, bêbados, etc., acho que posso finalmente dizer
que a bicicleta faz parte da minha vida em Londres.
Através dela
tenho vindo a desenvolver um gosto especial pela cidade, pelo seu misto de clássico
com moderno, de betão com espaços verdes, de caos com metodismo. Em dias de sol
os espaços irradiam vida e dinâmica, durante a noite a cidade ganha um charme
que se revela na iluminação selectiva e colorida dos espaços mais turísticos, a
par da aura de mistério patente nas ruas e vielas mais estagnadas no tempo.
Cada vez que
pedalo, particularmente longas distâncias, vejo também um progresso que ajuda à
determinação de continuar. Há uma aprendizagem gradual, uma confiança que se
ganha com a experiência, uma competição de nós contra nós próprios (e contra as
adversidades que encontramos) que fortalece o espírito.
Da mesma maneira
que me lembro de no ano passado sorrir ao pensar nos kilometros que já
conseguia fazer num dia, ou de como conseguia encontrar as minhas próprias
rotas alternativas para chegar aos sítios, hoje regozijo a pensar no quão rápido
consigo atravessar a cidade de uma ponta à outra, muito mais depressa que um
autocarro, quase tão rápido como o metropolitano (se contarmos o tempo de porta
a porta), de como consigo pedalar sem mãos (nunca o tinha feito antes) e
principalmente do prazer que me dá fazê-lo de bicicleta. Posso dizer
honestamente que sou uma pessoa mais feliz a utilizar a bicicleta como meio de
transporte em Londres.
Se às vezes é
duro, cansativo, e se tem várias condicionantes? Claro. Sem esses factores
provavelmente já estaria aborrecido. É a adversidade que dá um gosto especial
ao que faço.
tb curto bue andar de bike em Londres. O facto de nao haver grandes subidas da um gosto especial!
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