A calça justa, de bainha subida, revelava o tornozelo mordido pelo pedal. Os cabelos, apanhados sem grande compromisso, navegavam ao sabor do vento com a mesma elegância do corpo. Subtil, sereno, confiante.
Havia algo instintivamente sexual na sua presença, na forma como os movimentos deslizavam com uma fluidez quase perfeita.
Parámos lado a lado. Olhei para o semáforo, observei os casais e famílias que caminhavam junto a nós. Olhei e olhei mas não ousei olhar. Não queria comprometer a imagem que havia construído. Mas não resisti.
Olhámo-nos nos olhos, como que por acidente, talvez não. Nem a mais elaborada e favorecida das minhas construções lhe teria feito jus. Sorri, ela sorriu. O semáforo ficou verde.
Pedalei com velocidade redobrada. Nunca mais olhei para trás.
No comments:
Post a Comment