As coisas nunca são
bem o que aparentam ser, dizem-me com relativa frequência. Mas como pode isso
ser? Se vejo as mesmas coisas que toda a gente, se o branco é branco, o preto é
preto, e o azul é azul, porque raio olho à minha volta e vejo tanta diferença?
Mas continuo a
sorrir, a fazer o esforço, porque a diversidade, a diferença, dá cor ao Mundo. Até
ignoro certos complexos de superioridade, certas atitudes que em outros tempos
me enojariam e me fariam virar costas e não mais olhar para trás. Porque cuspir
na cara e cerrar punhos é imaturo, porque há que ser melhor, mesmo aceitando
que nestas coisas não há melhor nem pior, só diferente. Conter a raiva, selar
os lábios, controlar, condicionar, ignorar.
“Quando é que foi
a última vez que tiveste uma conversa com significado? Quando é que foi a última
vez que deste um abraço sentido? Quando é que foi a última vez que foste lá ao
fundo e mostraste aquela parte de ti que dói de tão real? Quando é que foi a última
vez que sorriste sem te aperceberes?”
Quadrados e
cruzes, vejo a vida a andar em círculos. E o branco afinal não é bem branco, o
azul tem tonalidades. Só resta mesmo o preto, esse não muda, absorve apenas, e
por vezes, inesperadamente, mostra mais do que eu queria ver. Porque é no
disfarce da noite que se revelam muitas das coisas que a luz do dia inibe.
O problema, na
verdade, parece estar mais nos olhos do observador.
No comments:
Post a Comment