Saturday, 1 February 2014

Círculos

As coisas nunca são bem o que aparentam ser, dizem-me com relativa frequência. Mas como pode isso ser? Se vejo as mesmas coisas que toda a gente, se o branco é branco, o preto é preto, e o azul é azul, porque raio olho à minha volta e vejo tanta diferença?
Mas continuo a sorrir, a fazer o esforço, porque a diversidade, a diferença, dá cor ao Mundo. Até ignoro certos complexos de superioridade, certas atitudes que em outros tempos me enojariam e me fariam virar costas e não mais olhar para trás. Porque cuspir na cara e cerrar punhos é imaturo, porque há que ser melhor, mesmo aceitando que nestas coisas não há melhor nem pior, só diferente. Conter a raiva, selar os lábios, controlar, condicionar, ignorar.
“Quando é que foi a última vez que tiveste uma conversa com significado? Quando é que foi a última vez que deste um abraço sentido? Quando é que foi a última vez que foste lá ao fundo e mostraste aquela parte de ti que dói de tão real? Quando é que foi a última vez que sorriste sem te aperceberes?”

Quadrados e cruzes, vejo a vida a andar em círculos. E o branco afinal não é bem branco, o azul tem tonalidades. Só resta mesmo o preto, esse não muda, absorve apenas, e por vezes, inesperadamente, mostra mais do que eu queria ver. Porque é no disfarce da noite que se revelam muitas das coisas que a luz do dia inibe.

O problema, na verdade, parece estar mais nos olhos do observador.

No comments:

Post a Comment