Tuesday, 22 April 2014
Monday, 21 April 2014
Lascívia
Calafrios. Acordo
numa poça de suor.
Os olhos
mantenho-os fechados, mas as imagens começam a desvanecer. Nunca consigo
guardar os sonhos para mais tarde. Nunca consigo guardar nada para mais tarde.
O dia
desenrola-se qual bola de ferro. Arrasta-se, arrasta-me, alastra-se. Mas não
importa. Há algo à minha espera no fundo do túnel.
Zero. Mesmo quando preciso, quando importa, a concentração esvai-se, evapora-se.
Fecho os olhos na esperança de conseguir agarrar a que resta. Nunca consigo
guardar nada para mais tarde.
Não paro de
pensar no final do túnel, mesmo sabendo que não há final. Não há nada naquele
abraço que me consome, que me acalma, que me devora. O toque, o cheiro, o sabor,
cada um ocupa um espaço específico na minha mente. Tremo de desejo por cada um
deles em igual medida, desejo todos ao mesmo tempo em quantidades infindáveis.
Fecho os olhos,
quero que tudo desapareça, quero que o túnel me engula sem promessas de um
final feliz. Eu sei que não vai existir um final feliz, mas não consigo tirá-lo
da cabeça.
Dou voltas e
voltas, procuro caminhos, procuro atalhos. A incapacidade torna-se em frustração,
a frustração torna-se em vontade, a vontade torna-se em necessidade, a
necessidade torna-se em ímpeto, o ímpeto torna-se em consumação.
Doses e medidas, cortes e feridas. Uma das minhas músicas favoritas começa por
dizer que todos temos corações enegrecidos. Mas não explica como lidamos com
eles.
Quero tocar, cheirar,
saborear, mas não o faço. Abstenho-me. Converso desconversando, defendo-me
atacando, passivo agressivo, falso, sujo, hipócrita. Mas fraco como sou,
sucumbo. Digo a mim mesmo que não fui eu que dei o primeiro passo quando na
verdade fui eu que corri atrás. Falso, sujo, hipócrita.
Absorvo com o máximo
vigor, agarro, mordo, tudo é feito com um fervor que me transporta para fora de mim. Há algo no abraço, no toque, no cheiro, no sabor. Não é vazio. Mas não é
completo. Não me completa. Mas sabe tão bem que quase consigo agarrar as
imagens de um passado não muito longínquo.
Fecho os olhos. Tento salvar todos os pedaços, todos os restos, levá-los
comigo, retirar deles algo que ilumine estas noites húmidas de privação.
Nunca consigo
guardar nada para mais tarde.
Post influenciado e escrito ao som de:
Wednesday, 16 April 2014
Mo Money...
"-I really can't see the point in investing so much time and effort in something that isn't making you any money.
-Exactly: you can't really see."
Sunday, 6 April 2014
Saturday, 5 April 2014
Subscribe to:
Posts (Atom)